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Revista Alma
Foto: Maria Navarro

YANTRA YOGA – OU UMA BRASILEIRA NO TIBETE

Para quem acredita em coincidências, a chegada de Haimavati Nakai ao Yantra Yoga envolveu uma série delas. Em 2005, o italiano Fábio Andrico esteve no Brasil para falar do yoga tibetano e precisou de um voluntário para exemplificar seus movimentos básicos. Haimavati tinha 18 anos e foi escolhida por ter experiência com outras linhas de yoga e por conhecer o Yantra superficialmente. Assim, por obra do acaso, tornou-se a primeira brasileira a ter uma aula com o principal instrutor mundial da técnica e discípulo direto de Namkhai Norbu, o mestre e erudito que iniciou o ensino do Dzogchen (ensinamentos do budismo tibetano) no ocidente. Antes dele, quase tudo que dizia respeito à tradição era reservado e secreto, inclusive o Yantra Yoga. Dedicado à difusão do Dzogchen e da cultura tibetana fora de seu país, Norbu fundou o Instituto Internacional Shang-Shung, que, dentre outras atividades, promove o ensino do Yantra mundo afora.

Encontro com Norbu

Mas a sorte desta paulista de Campinas não ficou por aí. Em seus estudos sobre o Yantra, antes do encontro com Andrico, Haimavati fez uma série de ilustrações para auxiliar o aprendizado da técnica, que é bem pouco conhecida no Brasil. Os desenhos caíram nas mãos de Norbu, que não só os adorou como a procurou, naquele mesmo evento, em 2005.

Imagine quando a paulista – e estudante do Dzogchen – ouviu o pedido do mestre para ilustrar um de seus livros mais importantes, o clássico Corpo de arco-íris: a vida e a realização de Togden Ugyen Tendzin”?

O Yantra Yoga atua nas três dimensões de nossa existência: corpo, mente e energia

“Foi um choque. Minha visão até turvou”, lembra-se Haimavati, que não tem formação em desenho e ficou tão insegura que não acreditou por completo. “A ficha só caiu alguns meses depois, quando nos reencontramos na Argentina, em outro curso de Yantra, e iniciamos juntos os primeiros rascunhos.”

Yantra: uma longa estrada

Mas não confunda sorte com facilidade. Determinada a se tornar uma instrutora de Yantra, Haivamati moveu o mundo para avançar na formação, que é bastante rígida, e cujos centros ficam fora do país. Para ficar e se manter no núcleo argentino de Córdoba, onde morou por 50 dias, Haimavati trabalhou como garçonete e acampou no próprio local de estudo. “Falava com gente do mundo inteiro, o que virou um curso triplo: de inglês, espanhol e Yantra”, brinca Haimavati, que guardará a experiência para sempre. A paulista ainda passou pela Venezuela e pela Itália para avançar em sua formação e se tornar a primeira e única brasileira autorizada a ensinar o Yantra, que remete a uma longa linhagem de yogues tibetanos e se manteve preservado ao longo dos séculos.

Maria Navarro

Yantra Yoga: movimento e respiração coordenados de modo preciso

Yoga Tibetano do Movimento

“O Yantra Yoga atua nas três dimensões de nossa existência: corpo, mente e energia”, ensina a instrutora. “Há semelhanças e diferenças em relação às escolas indianas, que tendem para posições mais estáticas, enquanto a tibetana se baseia no movimento coordenado à respiração, com uma métrica bem detalhada e tempos específicos para entrar, permanecer e sair de cada posição. Há outras diferenças, mas não são teorias ou palavras que vão explicar isso. Recomendo que as pessoas experimentem e avaliem os efeitos e benefícios do sistema tibetano”, convida a instrutora.

Quanto às ilustrações de Haimavati, elas constam das edições em italiano e inglês do livro de Norbu. São quase 50 obras, em nanquim, ilustrando episódios da vida do grande yogue Togden Ugyen Tendzin, tio de Norbu, passadas no Tibete durante o século passado. O trabalho durou quase um ano. Norbu descrevia as paisagens, situações e pessoas e Haivamati as desenhava. Pode ser apenas sorte e talento, mas parece que Tibete já vivia, de alguma forma, em Haimavati Nakai.


Para saber mais

Para informações sobre Yantra Yoga, consulte www.yantrayogabrasil.com

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[ Gustavo São Thiago ] Editor

Editor e publisher da Revista Alma, Gustavo São Thiago trabalhou na grande em imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro, especialmente na área de cultura. Estudioso autodidata das religiões, o jornalista finaliza sua primeira obra de ficção, o romance “Impermanência”, e medita diariamente.

 









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