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Revista Alma

UM RARO PRAZER

Numa pequena casa térrea em Teresópolis, no Rio de Janeiro, clássicos e obras contemporâneas do budismo tibetano abarrotam as estantes de ferro. Um tesouro embalado em projetos gráficos bem cuidados e lombadas com nomes consagrados como Dalai Lama e Tenzin Palmo. Não se trata de um templo de meditação, mas de uma editora – a Lúcida Letra, criada há quatro anos pelo designer e editor Vitor Barreto.

 

Lúcida Letra

 

A história da editora começa em 2011. Após uma crise pessoal com repercussões profissionais e financeiras, Vitor começou a praticar meditação estimulado por um grupo de desenvolvimento pessoal. Gostou tanto que logo estava em contato com Centro de Estudos Budistas Bodisatva, onde Padma Santem – o lama brasileiro que é uma referência no ensino e na prática do budismo tibetano – oferece aulas regulares.

 

Ao se aprofundar nesses estudos, Vitor se deparou com a oferta limitada de textos em português sobre budismo. Para ir mais longe, só dominando o idioma de Shakespeare – o que era o caso dele, mas não da maioria dos estudantes.
Foi quando a crise começou a fazer sentido.

 

Tradição e modernidade

 

Dono de uma editora especializada em livros de design, a 2AB, Vitor viu uma oportunidade de reequilibrar suas vidas profissional e pessoal sobre um eixo que lhe interessava cada vez mais: o budismo. Sem qualquer garantia de retorno, reuniu as economias e investiu na publicação de um best-seller do budismo tibetano moderno: “Buda Rebelde: Na rota da liberdade”, de Dzoghen Ponlop.

 

“O autor é um lama indiano com sólida formação, mas também um homem de nosso tempo. Poeta, fotógrafo e artista gráfico, ele transita com facilidade pela cultura contemporânea e tem um texto leve e divertido. Em mim, o impacto da obra foi profundo”, conta o editor. “Queria que ela chegasse a muito mais gente.”

 

Nascia a Lúcida Letra

 

A repercussão do livro surpreendeu. “Os centros budistas passaram a me ligar, para elogiar a publicação e sugerir novos títulos, e a relação com meus leitores também mudou. Há um aspecto comercial nesse relacionamento, claro, mas surgiu um dado novo e muito gratificante: cumplicidade. A publicação de livros budistas faz sentido para mim e para um grande grupo de leitores. Formamos uma rede e passei a trabalhar com mais prazer com esse apoio e com muito mais retorno.”

 

 

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Com Tenzin Palmo no lançamento de “No Coração da Vida”, em 2014

 

O estímulo dessa rede gerou uma nova oportunidade: publicar a britânica Tenzin Palmo, outro ícone do budismo moderno.
“Um professor me disse que ela viria ao Brasil, em 2014, e montamos uma operação de guerra. Publicar um autor internacional em seis meses, para uma editora pequena, é quase um milagre. Mas o esforço foi recompensado. Lançamos “No Coração da Vida” com a própria Tenzin Palmo. Uma honra.”

 

Budista editor

 

Sorte, mas também talento e trabalho. Formado em design, Vitor atuou em diversos setores da produção editorial e esteve à frente de outra editora antes de criar a Lúcida da Letra, em 2012, da qual é dono e também o único funcionário. É ele quem atende ao telefone, embala os pedidos dos clientes, alimenta o site, tira as notas e coordena os colaboradores envolvidos no processo editorial. Além de escolher os títulos.

 

“Prefiro publicar autores que sejam mestres reconhecidos e de linhagens autênticas”, explica o editor, inspirado na sugestão de seus professores e em editoras estrangeiras especializadas como a Shambala e a Wisdom, por exemplo. O critério não ameaça a qualidade dos textos e muito menos o interesse do público não budista. Pelo contrário. Além de biografias fantásticas, os autores publicados pela Lúcida Letra têm um raro talento para conectar ensinamentos ancestrais e nossas sensibilidades contemporâneas. Os ensinamentos são profundos, mas os textos são leves, diretos e quase sempre bem-humorados.

 

O editor explica. “Por compreenderem a natureza onírica da realidade, eles lidam com a impermanência da vida com leveza e manifestam naturalmente seu bom humor”, diz com o sorriso de quem encontrou a maior fonte de prazer do mundo: publicar seus próprios mestres.

 


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