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BUDA REBELDE – A HISTÓRIA DE UMA CAPA

 

Amantes de livros são, por definição, amantes de capas de livros. Não se trata de confundir forma e conteúdo, mas de reconhecer que as duas coisas estão, sim, associadas. Como ética e estética. Ocorre que há poucos livros de temática religiosa, ao menos aqui no Brasil, com capas ou projetos gráficos marcantes. Esse é um terreno em que as editoras investem pouco. As razões não cabem aqui agora, mas sempre há exceções e outro dia esbarrei com uma delas: a incrível capa de “Buda Rebelde: Na rota da liberdade”, de Dzoghen Ponlop. Já falamos do livro aqui. Como o autor é artista-plástico, além de um prestigioso lama (um monge avançado do budismo tibetano), ele escolheu a obra visceral de um artista-plástico tibetano para estampar seu livro, sugerindo sua manutenção nas edições mundo afora. Dê uma googada. Em quase toda parte, “Buda Rebelde” tem a mesma capa: a obra “Buda Sakyamuni”, de Gonkar Gyatso.

 

Thangkas e cultura pop

 

Até aí, tudo bem. Utilizar uma obra chamada Buda Sakyamuni para ilustrar um livro sobre budismo parece uma escolha óbvia. A questão é que há uma alta dose de ironia, crítica social e humor no Buda de Gyatso. Basta olhar de perto para compreendê-lo. Inspirado nas thangkas – pinturas de deuses e mandalas budistas, típicas do Tibete e do Nepal –, Gyatso compôs a silhueta clássica de Buda com colagens de ícones da modernidade e da cultura pop, associando religião, cultura pop e consumismo de modo inusitado. Visto de longe, a aparência é de uma thangka tradicional. Mas de perto a coisa revela sua complexidade crítica, além de aludir de modo inovador e visual à condição de nossas mentes contemporâneas, o que é um dos temas do livro.

 

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Detalhe de “Buda Sakyamuni”, de Gonkar Gyatso

 

Arte e religião

 

O nome do livro é outro achado: Buda Rebelde. À primeira vista parece um golpe de marketing, mas se pensarmos bem é até uma obviedade. Ou deveria ser. Embora não façamos normalmente essa associação, Buda foi essencialmente rebelde, transgressor e crítico. Como Jesus, Gandhi, Maomé, Marthin Luther King e vários líderes religiosos. Se nos surpreendemos com estas afirmações é que nosso lado conservador e um tanto bovino tem falado mais alto. Precisamos da lucidez da arte para nos lembrarmos disso de vez em quando.

 


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